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Como o negacionismo e os erros do Governo Bolsonaro levaram à tragédia de 100 mil mortes por COVID no Brasil

 


O Brasil encerrará esta semana atingindo o marco de 100 mil mortes causadas pela covid-19. A dimensão numérica do impacto da pandemia ultrapassa de longe todas as outras tragédias nacionais e causas mais comuns de óbitos no País. Após 5 meses de uma crise conduzida por uma governo que minimiza o vírus, sem um titular no Ministério da Saúde há quase 90 dias, sanitaristas à frente do debate sobre a epidemia afirmam que o cenário podia ter sido menos devastador.



“Era perfeitamente possível não termos chegado a 100 mil mortes. Provavelmente se tivéssemos continuado com a gestão do nosso primeiro ministro de saúde [Luiz Henrique Mandetta] a conduzir a pandemia, na época em que tínhamos um. A partir do momento em que você assume nacionalmente o negacionismo da ciência, da doença e da pandemia, com certeza esse cenário se torna inevitável”, afirma a bióloga Natália Pasternak, fundadora do Instituto Questão de Ciência.





Sem reconhecer a dimensão da crise, fica difícil enfrentá-la. Ao mesmo tempo em que negava a gravidade da epidemia, chegando a ocultar dados, o governo de Jair Bolsonaro apostou em pautas diversionistas, estratégia usada pelo bolsonarismo também em outras áreas. 



Na noite de quinta-feira (6), o presidente mencionou, durante uma live, o número trágico. “A gente lamenta todas as mortes, está chegando ao número de 100 mil talvez hoje, é isso? Mas vamos tocar a vida, tocar a vida e buscar uma maneira de se safar desse problema”, afirmou. 



Segundo Pasternack, “há um contrassenso” na postura do presidente. “Você nega a doença, mas ao mesmo tempo apresenta uma cura milagrosa. E essas curas milagrosas tiram a atenção dos problemas reais porque se somam ao discurso de que o ‘problema já nem existe, mas mesmo que exista, tá aqui a solução, então vida normal, nada está acontecendo’ e ainda se investe dinheiro público e a esperança das pessoas. Então você desinforma, deseduca a população e desperdiça recursos públicos com coisas que não funcionam”, afirma, referindo-se à obsessão do governo Bolsonaro com medicações como a cloroquina.



Desde o início da pandemia, o presidente adotou uma postura negacionista. Enquanto a comunidade científica enfatizava a importância do isolamento social para frear o ritmo de transmissão do SARS-CoV-2, Bolsonaro encampou o discurso de que era preciso “salvar empregos”. O fechamento do comércio nas cidades passou a ser tratado como uma disputa política, em um falso dilema entre economia e saúde. 



A mesma polarização foi adotada pelo governo em outra frente: respostas milagrosas, que prometiam uma cura. Ainda que após 7 meses da descoberta do vírus ainda não haja vacina ou um remédio com uso comprovado cientificamente para tratar a covid-19, o governo Bolsonaro adotou a cloroquina como bandeira. A distribuição do medicamento que aumenta o risco cardíaco e é ineficaz contra o novo coronavírus ultrapassou 5 milhões de comprimidos, de acordo com o Ministério da Saúde. No âmbito municipal, um fenômeno semelhante ocorreu com a distribuição de ivermectina pelas prefeituras.



A pressão pela adoção de medidas na contramão da ciência levou à saída de 2 ministros da Saúde: Luiz Henrique Mandetta, em 16 de abril, e Nelson Teich, em 15 de maio. Desde então, a pasta que deveria ser protagonista na resposta à pandemia é coordenada por um interino, o general Eduardo Pazuello, sem experiência na gestão de saúde pública.



+Detalhes: https://www.huffpostbrasil.com/entry/100-mil-mortes-erros-pandemia_br_5f2ac321c5b6e96a22ac533c

 

 

Com informações do HuffPost Brasil.        

 

 

 

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