Os testes imunológicos imunocromatográficos, conhecidos
popularmente como “testes rápidos”, vêm sendo adotados pelo Ministério da Saúde
(MS), junto aos testes moleculares tradicionais (RT-PCR), como a principal
estratégia para o diagnóstico laboratorial do novo coronavírus.
Testes rápidos
Por meio de uma metodologia imunocromatográfica, esses
testes possuem a capacidade de detectar qualitativamente a presença de
anticorpos específicos (IgM e IgG), produzidos pelo sistema imunológico frente
à infecção pelo SARS-CoV-2. Podem utilizar, como material biológico, tanto
soro, plasma ou sangue total dos pacientes, fornecendo um resultado quase que
imediato, em apenas 15 minutos.
A classe dos anticorpos IgM têm a característica de ser uma
das primeiras a serem produzidas pela resposta imunológica, podendo ser
detectados a partir do sétimo dia do início dos sintomas. Posteriormente,
ocorre a elevação da titulação dos anticorpos do tipo IgG. Recentemente, o primeiro lote de 500.000 unidades desses testes de
fabricação chinesa, doados ao governo federal por uma grande empresa privada,
chegaram ao Brasil. Eles foram submetidos a uma avaliação de desempenho, a
pedido do governo, por um laboratório privado.
Desempenho dos testes para Covid-19
As conclusões apresentadas foram, no mínimo, decepcionantes. O Valor Preditivo Negativo (VPN), ou seja, a chance de que um
resultado negativo reflita a realidade (os verdadeiros negativos entre os
negativos do teste), foi de apenas 25%. Já o Valor Preditivo Positivo (VPP) –
verdadeiro positivo entre os positivos do teste — demonstrou um melhor
desempenho, de 86%. Uma outra avaliação está sendo realizada pelo Instituto
Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS).
A preocupação com a performance do teste foi externada pelo
MS através de uma nota para as secretarias de saúde estaduais. Um trecho diz
que “O material adquirido de empresa chinesa para doação ao Ministério da Saúde
apresenta limitações importantes. A pasta está ajustando as instruções e
elaborando uma nota informativa com recomendações e orientando o uso do teste
para garantir que o uso do mesmo pelos estados e municípios seja coerente com o
que o teste pode oferecer”.
Até o momento, existem algumas indicações potenciais para a
realização do teste rápido. São elas:
Testagem inicial, em pacientes hospitalizados com mais de
sete dias de evolução dos sintomas*;
Uso em profissionais da saúde e de segurança pública, após
o sétimo dia do início dos sintomas, para avaliação da possibilidade de
retorno precoce ao trabalho*;
Avaliação na população em geral, da chamada “imunidade de
rebanho”, por meio da identificação de pessoas que tiveram um contato prévio ao
vírus e que desenvolveram anticorpos “protetores” do tipo IgG.
*Nesses casos, um resultado não reagente (negativo), não
afasta por si só a infecção, que deve ser excluída/confirmada por métodos
moleculares (RT-PCR).
Tomando-se como base sua verificação analítica, devemos ter
muita cautela quando da interpretação de um resultado negativo, especialmente
se a coleta fora realizada antes do sétimo dia de doença (fase aguda). Devido a
sua baixa acurácia, esses testes rápidos não devem ser utilizados para triagem
de quadros respiratórios causados pelo SARS-CoV-2. Por outro lado, diante de um resultado reagente (positivo),
podemos ter um pouco mais de confiança em relação ao diagnóstico, apesar de não
poderem ser utilizados como evidência inequívoca de infecção. Devemos sempre
ter em mente a possibilidade de reações cruzadas com outras coronaroviroses,
além de outras causas de falso-positivos. Assim como todo exame laboratorial, possíveis interferentes
e limitações do teste devem ser levadas em conta quando da sua interpretação.
Seus resultados devem ser sempre analisados junto ao período de coleta (fase
evolutiva), ao quadro clínico-epidemiológico, exames de imagem e outros exames
laboratoriais confirmatórios.
Graduação em Medicina pela Universidade Gama Filho (UGF) •
Residência em Patologia Clínica/Medicina Laboratorial pela Universidade Federal
Fluminense (UFF) • Pós-Graduado em Medicina do Trabalho pela Faculdades Souza
Marques (FTESM) • Médico Patologista Clínico do Laboratório Morales •
Concursado em Clínica Médica/Medicina Interna pela Fundação Saúde do Estado do
Rio de Janeiro • Coordenador do PCMSO do Centro Universitário Augusto Motta
(UNISUAM)
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informações do Portal PEBMED.
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