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'Presidente Bolsonaro gosta do STF quando lhe dá decisão positiva. Se é negativa, prefere não brincar de Democracia', diz Professora especialista na instituição



A declaração ocorreu um dia após a Polícia Federal realizar uma grande operação contra parlamentares, empresários a ativistas bolsonaristas, autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes dentro do controverso inquérito das Fake News.


Se a ameaça se concretizar, Bolsonaro estará "abandonando a legalidade que jurou seguir quando tomou posse" e poderá sofrer um impeachment, afirma Eloísa Machado, coordenadora do projeto Supremo em Pauta na FGV Direito São Paulo, onde também é professora de direito constitucional.

Observadora atenta do STF, Machado costuma ser uma voz crítica sobre a atuação dos ministros. Ela, no entanto, considera que a Corte tem agido adequadamente no controle de atos do governo federal, e atribui a Bolsonaro a escalada da crise.

"O papel do STF, dado pela Constituição, é controlar os atos do Congresso Nacional e do Poder Executivo. Então, quando o Supremo anula medida provisória do Poder Executivo, questiona alguns decretos, e abre uma investigação contra o presidente e seus ministros, não está fazendo nada mais do que a Constituição exige", afirma Machado.

"Se temos um Tribunal que, durante o ano de 2020, se mostra mais atuante, talvez isso seja explicado por um Poder Executivo que também desafia mais a lógica da Constituição", acrescenta. "Não há aí uma equivalência entre dois lados errados".

A professora reconhece que há questionamentos sobre a forma como o inquérito das Fake News foi iniciado, com base no regimento interno do STF, mas considera que o plenário poderá delimitar a constitucionalidade da investigação quando julgar ações que pedem seu arquivamento. Na sua leitura, os ataques ao Supremo investigados nesse inquérito não são mera "liberdade de expressão", como afirmam o presidente e seus aliados.

"O que estamos é diante de ameaças e de incitação à violência e ao descumprimento de ordens judiciais, todos esses (atos) tipificados como crime por nossa legislação."
Machado ressalta que o governo Bolsonaro, além de ter frequentemente seus atos questionados na Corte, também costuma apresentar ações no STF, onde acumula vitórias e derrotas.

Um exemplo recente de resultado positivo para sua gestão foi a interpretação dada pelo Supremo à Lei de Responsabilidade Fiscal, que afastou a possibilidade de crime orçamentário devido ao forte aumento de gastos na pandemia do coronavírus.

"Me parece que o presidente gosta do Tribunal só quando dá decisão positiva para ele. Quando a decisão é negativa, ele prefere não brincar de democracia e de Estado de Direito. Só que a nossa Constituição não permite que ele tenha esse poder de simplesmente ignorar decisões judiciais", crítica.






Com informações da BBC Brasil.
                                                                                


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