No
terceiro reajuste em duas semanas, a Petrobras elevará o preço de gasolina em
12% a partir desta quinta (21). O aumento segue a elevação das cotações internacionais do
petróleo com o relaxamento das medidas de isolamento social em países europeus
e nos Estados Unidos. Somando os três reajustes, o preço da gasolina nas
refinarias da Petrobras já tem alta acumulada de 38% desde o dia 7 de maio,
quando a estatal interrompeu uma sequência de cortes e promoveu o primeiro
aumento após o início da pandemia.
Com o novo aumento, o litro da gasolina sairá das
refinarias da Petrobras a R$ 1,25. O repasse ao consumidor depende de políticas
comerciais de postos e distribuidoras. Segundo a estatal, o preço de refinaria representa 19% do
preço de bomba – o restante são margens e impostos.
Especialistas no setor dizem que, mesmo após a sequência de
aumentos, o preço da gasolina no Brasil permanece menor do que as cotações
internacionais. De acordo com dados do CBIE (Centro Brasileiro de
Infraestrutura), na última sexta (15) o preço interno da gasolina estava quase
30% abaixo do preço do Golfo do México.
A política de preços da Petrobras considera as cotações nos
Estados Unidos, a taxa de câmbio e custos para importar e colocar o combustível
no Brasil, além de margem de lucro. A empresa diz, porém, que os parâmetros de paridade
internacional variam de empresa para a empresa.
Na semana retrasada, declarações do presidente Jair
Bolsonaro sobre aumento no preço da gasolina preocuparam o mercado. Bolsonaro disse que não iria intervir, mas questionou o
primeiro reajuste pós-pandemia.
“Pelo que sei, o petróleo não subiu lá fora. Não sei porque
o petróleo brasileiro aumentou”, disse o presidente.
Em relatório intitulado “Fantasmas do passado?”, o banco
UBS afirmou que comentários do governo ampliavam a percepção de risco do
investidor.
Para eles, a empresa precisaria anunciar reajustes para evitar
perda de margens em suas operações de produção de combustíveis. Em maio, após o colapso do fim de abril, as cotações do
petróleo voltaram a se recuperar, também com impacto da retomada da atividade
em países da Europa e estados americanos.
O petróleo Brent, referência internacional negociada em
Londres, subiu 37% no mês. Nas bombas norte-americanas, o preço da gasolina subiu, em
média, 4,97% nas últimas três semanas. Nas bombas brasileiras, o preço seguia em tendência de
queda na semana passada, segundo a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e
Biocombustíveis).
O ritmo de corte, porém, foi menor do que nas semanas
anteriores. Na média nacional, o litro da gasolina foi vendido a R$ 3,808, 0,4%
a menos do que na semana anterior. No ano, o preço da gasolina nas bombas
acumula queda de 16,4%. Na terça (19), a companhia já havia reajustado o preço do
diesel em 8%, o primeiro aumento do ano para esse combustível. Nas bombas, o
preço do diesel caiu 0,7% na semana passada, para R$ 3,055 por litro.
Em maio, a Petrobras percebeu recuperação nas vendas de
combustíveis também no Brasil. O consumo de gasolina, que havia caído 65% no
início da pandemia, é hoje entre 40% e 45% menor do que a média. No caso do
diesel, a perda nas vendas recuou de 50% para 30%.
Com
informações da Folhapress.
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