Ter uma reserva no fim do mês é o desejo de muitos brasileiros, porém essa é uma missão bastante complicada em um país com renda média baixa e pobreza em crescimento. De acordo com uma pesquisa da Acordo Certo, empresa de renegociação de dívidas, realizada com 1.428 entrevistados em outubro de 2020, 73% não guardam dinheiro e, de modo geral, sentem dificuldades para manter uma vida financeira saudável.
Os dados mostram que 75% do entrevistados tiveram
dificuldades em pagar as contas nos últimos meses, número que inclui pessoas
que têm uma renda digna. Um dos fatores responsáveis por esse número é a
ausência de planejamento financeiro, admitido por cerca de 59% dos
entrevistados, algo que evidencia também uma falta de percepção sobre os ganhos
e gastos.
Para Rodrigo Franchini, sócio da Monte Bravo Investimentos,
o planejamento financeiro é um ponto importante, mas não fundamental: “Essa
questão deveria ser ensinada nas escolas, deveríamos aderir àquele ‘mantra’ de
guardar o dinheiro, de economizar boa parte e gastar um quantia mínima”.
Essa não é a realidade do Brasil. Para especialistas,
percebe-se o contrário: a questão é conseguir arcar com os compromissos, e o
que sobrar, se sobrar, pode vir a ser guardado. Rodrigo Franchini avalia que há
um ponto fundamental nessa equação: a renda do brasileiro.
“A quantia que a nossa população ganha é muito baixa, e,
além disso, há os custos básicos, como aluguel, água, luz e alimentação,
pressionando. Há uma vontade de guardar, mas pensa só, uma pessoa que ganha R$
1.000 por mês não consegue”, afirma. “Seria até injusto cobrarmos de uma
pessoa que ganha um salário mínimo, que ela tenha uma reserva, dadas as
condições do nosso país”, ressalta o profissional.
De acordo com dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE) referentes à renda média real domiciliar per
capita de 2019, metade dos brasileiros sobrevive com apenas R$ 438 mensais per
capita, ou seja, quase 105 milhões de pessoas têm menos de R$ 15 por dia para
satisfazer todas as suas necessidades básicas.
Apesar do aperto no orçamento, os indivíduos se mostraram
preocupados em manter as contas em dia. Cerca de 63% dos entrevistados, na
pesquisa da Acordo Certo, afirmaram ter pagado alguma dívida por medo de ver o
nome negativado e incluído nos órgãos de proteção ao crédito.
Para evitar essa situação, listamos alguns pontos:
1. “O primeiro passo é adquirir um certo conhecimento sobre
finanças, ir atrás de vídeos, fazer pesquisas na internet, há muita coisa
interessante nas plataformas.”
2. “Depois você precisa saber quanto ganha e quanto gasta.
Para isso há vários aplicativos que ajudam a conhecer as próprias despesas.”
3. “Também é importante tomar decisões de mudanças”, ou
seja, privar-se de algo para alguma dívida, cortar gastos desnecessários.
4. “Pensar no hoje, não deixar a mudança para a semana que
vem, mês que vem ou ano que vem. Se você não tiver essa visão, você nunca vai
mudar.”
Com informações de Sidney Rezende (SRzd).
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