Nela, os autores alertam que existe um potencial
significativo de infecção pelo novo coronavírus por meio de gotículas
respiratórias microscópicas (micropartículas) a distâncias superiores ao
distanciamento social recomendado. “Resultados de estudos conduzidos por
signatários e outros cientistas demonstraram, além de qualquer dúvida razoável,
que os vírus são liberados durante a expiração, a fala e a tosse em
micropartículas pequenas o suficiente para permanecer no ar e representar um
risco de exposição a distâncias superiores a um e dois metros entre
indivíduos”, indica o texto.
Os autores também enfatizam a ocorrência de constatações
semelhantes em resultados de pesquisas com vírus parecidos com o Sars-CoV-2. No
caso do Sars-CoV-1, responsável pelo surto da síndrome respiratória aguda grave
(Sars) na China, em 2003, estudos retrospectivos demonstraram que a transmissão
aérea é “o mecanismo mais provável” para explicar o padrão espacial de
infecções dos indivíduos. “O coronavírus da síndrome respiratória do Oriente
Médio (Mers) e o da gripe mostram que é viável que esses vírus sejam exalados
por pessoas infectadas e/ou detectados em ambientes internos”, escrevem.
Diante desses resultados, os signatários da carta aberta
avaliam que “há todos os motivos para esperar que o Sars-CoV-2 se comporte da
mesma forma” e para considerar que “a transmissão via micropartículas no ar é
uma via importante”. Dessa forma, defendem que governos e autoridades ampliem a
lista de medidas preventivas recomendadas. Atualmente, as orientações
concentram-se na higienização das mãos, no isolamento e em cuidados com relação
a gotículas emitidas por espirro, fala ou tosse. “Lavagem das mãos e
distanciamento social são adequados, mas, a nosso ver, insuficientes para
fornecer proteção contra micropartículas de doenças respiratórias lançadas ao
ar por pessoas infectadas”, enfatizam os autores.
Segundo os cientistas, a maioria das organizações de saúde
pública, incluindo a OMS, acredita que a transmissão pelo Sars-CoV-2 se dá por
gotículas respiratórias maiores. O único caso por micropartículas considerado é
o de procedimentos realizados em unidades de saúde e geradores de aerossóis,
como a intubação e a ressuscitação cardiopulmonar de pacientes. Os autores, porém,
acreditam que há evidências “mais do que suficientes” para que as autoridades
optem pela “precaução”. “Para controlar a pandemia, enquanto se aguarda a
disponibilidade de uma vacina, todas as vias de transmissão devem ser
interrompidas”, justificam.
Risco alto
O grupo enumera uma lista de medidas simples que pode evitar a transmissão do coronavírus pelo ar (veja quadro) e alerta que, no momento de flexibilização das restrições sociais, essa forma de disseminação pode ter “consequências significativas”.
“As pessoas podem pensar que estão
totalmente protegidas aderindo às recomendações, mas, de fato, são necessárias
intervenções aéreas adicionais para reduzir ainda mais o risco de infecção.
Esse assunto é de grande importância agora, quando os países estão reabrindo
após bloqueios, levando as pessoas de volta a locais de trabalho e os alunos de
volta às escolas, faculdades e universidades. Nós esperamos que nossa
declaração aumente a consciência de que a transmissão aérea da covid-19 é um
risco real”, enfatizam.
O texto é assinado por cientistas de 32 países, sob a
liderança de Lidia Morawska, do Laboratório Internacional de Qualidade do Ar e
Saúde da Universidade de Tecnologia de Queensland, na Austrália; e Donald K.
Milton, do Instituto de Saúde Ambiental Aplicada da Escola de Saúde Pública da
Universidade de Maryland, nos Estados Unidos. Em nota, a OMS informa que está
“revisando o conteúdo” da carta aberta.
» O que fazer
Na carta aberta, o grupo de cientistas enumera medidas que
devem ser adotadas para impedir o risco de transmissão aérea do Sars-CoV-2
» Fornecer ventilação suficiente e eficaz — com ar limpo e
não recirculante — principalmente em edifícios públicos, ambientes de trabalho,
escolas, hospitais e lares de idosos.
» Adotar mecanismos de controle de infecção aérea em
ambientes fechados, com o uso de sistemas de exaustão, filtragem de ar de alta
eficiência e luzes ultravioletas germicidas.
» Evitar a superlotação principalmente em transportes e
edifícios públicos.
» Manter as janelas abertas, o que aumenta drasticamente as
taxas de fluxo de ar, quando não for possível a adoção de uma ventilação
mecânica.
+Detalhes: https://www.cbsnews.com/news/coronavirus-airborne-scientists-open-letter/
Com
informações do Correio Braziliense.
Interaja mais:
https://www.facebook.com/manchetedecapa1/
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