A suspensão das provas do Exame Nacional do Ensino Médio
(Enem) em razão do estado
de calamidade pública, provocado pela pandemia do coronavírus, foi aprovada
nesta terça-feira (19) no Plenário virtual do Senado, por 75 votos a 1. A
matéria segue agora para análise da Câmara dos Deputados.
A proposta (PL 1.277/2020) da senadora Daniella Ribeiro (PP-PB)
prevê que, em casos de reconhecimento de estado de calamidade pelo Congresso
Nacional ou de comprometimento do regular funcionamento das instituições de
ensino do país, seja prorrogada automaticamente a aplicação das provas, exames
e demais atividades de seleção para acesso ao ensino superior.
O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais
Anísio Teixeira (Inep), responsável pelo Enem, marcou a aplicação do exame
impresso para os dias 1º e 8 de novembro, e a versão digital para 22 e 29 de
novembro. As inscrições estão abertas até o próximo dia 22. Já há quatro
milhões de inscritos, de acordo com o Inep, e estão esgotadas as vagas para a
prova digital.
Desigualdade
Para Daniella, o adiamento do Enem 2020 impedirá a
concorrência desleal entre candidatos que não têm as mesmas oportunidades de
acesso à internet, especialmente entre estudantes das redes pública e privada
de ensino.
— O que nós estamos fazendo não prejudica os outros
estudantes. Isso é apenas para não reforçar a desigualdade que já existe. Qual
aluno hoje tem condição de estar em casa estudando, de pagar uma plataforma de streaming,
de pagar pelo YouTube, de ter uma aula de EaD [educação a distância], ou de
estudar de qualquer outro jeito? Livros? Que livros eles receberam? Nenhum!
Quem é o professor, o autodidata? Quantos são autodidatas para estudarem
sozinhos matemática, física e química? — questionou.
A senadora destacou o apelo dos estudantes a favor do
adiamento do Enem e ainda lembrou da sua experiência em sala de aula.
— A gente está aqui para representar aqueles que não têm
voz, aqueles que não podem chegar até cada um de nós. Eu tive oportunidade de
ser professora de escola pública no interior da Paraíba. Eu conheço o que é a
dificuldade de perto e sei que, nos estados, vocês vivenciam isso. Então eu
queria dizer que nada mais nada menos do que fazer justiça é o que nós estamos
fazendo — afirmou Daniella.
Com
informações da Agência Senado.
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