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'Cadê o chip?': Com fim de prazo, Planalto deve argumentar que não gravou reunião inteira citada por Moro



Os ministros que participaram na tarde desta quinta da coletiva das ações do governo no combate ao coronavírus, Damares Alves (Mulher, Família e Direitos Humanos), Onyx Lorenzoni (Cidadania) e Braga Netto (Casa Civil) foram questionados sobre o que aconteceu na fatídica reunião. Tomando a frente, Braga Netto deu a letra do que deve ser a alegação do governo para não entregar a gravação inteira: “A reunião não necessariamente é filmada”.

“Às vezes você tem a câmera lá e ela filma trechos, filma partes da coisa, às vezes não filma. Presidente diz: ‘olha, não quero que filme’. O que acontece lá é isso: ela pode filmar, pode não filmar, e os assuntos que são tratados ali entre os ministros, muitas vezes, são assuntos que levam para a segurança nacional. Tratam de relações entre países, de economia, que podem repercutir pesadamente no País. Então, por isso que não existe uma obrigatoriedade de se ter filmagem disso aí”, argumentou o ministro da Casa Civil. 

É justamente esta a tese que se costura nos bastidores do Planalto para não ter que “entregar provas” contra o presidente, segundo assessores palacianos: a de que a reunião não teria sido gravada na íntegra.  No Planalto, há divergências sobre como tratar o vídeo. Conforme relatos ouvidos pelo HuffPost, na reunião em questão, além dos fatos relatados por Moro, o encontro teve divergências entre integrantes da ala econômica — “um bate-boca normal já”, relatou um participante — e um suposto comentário de Abraham Weintraub (Educação) contra o Supremo.

Segundo afirmaram participantes da reunião, teme-se “um constrangimento público do governo”. Procurada pelo HuffPost, a assessoria do Ministério da Educação não respondeu sobre a suposta menção a Weintraub na gravação.  Internamente no governo se tem presenciado um jogo de empurra sobre a responsabilidade pela gravação. Ao solicitá-la, o ministro Celso de Mello notificou o ministro Jorge Oliveira (Secretaria-Geral), Fabio Wajngarten (Comunicação Social) e Célio Faria Júnior (assessor especial da Presidência). 

Informações nos bastidores dão conta de que Célio teria ficado com o “chip” em que ficou gravada essa reunião e o teria formatado. Ele, contudo, nega que o cartão de memória em que a reunião foi gravada tenha passado por ele. O assessor da Presidência teria dito que isso fica a cargo da Secom de Wajngarten. 

O HuffPost questionou a Secom sobre a responsabilidade pelas gravações de reuniões interministeriais e se, de fato, o chip com o conteúdo do encontro foi formatado. Até o fechamento desta reportagem, não houve resposta.  O prazo dado pelo ministro Celso de Mello para a entrega do vídeo é esta sexta-feira (8). Caso a gravação não seja apresentada, pessoas próximas a Sergio Moro argumentam que pode ser configurada tentativa de obstrução de justiça por parte do Planalto — o que poderia gerar até algo inédito: uma busca e apreensão no palácio.

Nesta semana, o ex-ministro do STF Carlos Ayres Britto afirmou ao HuffPost que ao não cumprir uma decisão judicial, o presidente pode incorrer “em desobediência a ordem judicial, uma infração penal comum e um crime de responsabilidade”“O descumprimento de decisões judiciais é um dos pressupostos de crime de responsabilidade definidos no artigo 85, inciso 7º da Constituição. Aí passa por uma denúncia formal, o recebimento da denúncia, todo o processo”, analisou o ex-presidente do Supremo. 

Ainda segundo ele, em 32 anos de Constituição democrática, nenhuma decisão do STF deixou de ser cumprida. “Até os dois impeachment [de Fernando Collor e de Dilma Rousseff]. O País está sob o esquadro jurídico e tem a Constituição como a lei mais alta e fundamental do País. E à sua luz as instituições sempre funcionaram”, destacou Ayres Britto. 





Com informações do HuffPost Brasil.
                                                                                


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