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Após pressão para ampliar o uso da cloroquina no tratamento da COVID-19, Ministro Nelson Teich pede demissão


Há menos de um mês no cargo, o ministro da Saúde, Nelson Teich, deixou  o governo de Jair Bolsonaro nesta sexta-feira (15). Em nota, a assessoria de imprensa da pasta afirmou que o oncologista “pediu exoneração nesta manhã”. Uma coletiva de imprensa está marcada para esta tarde.









O médico fundador do Instituto COI e conselheiro de Bolsonaro na campanha eleitoral de 2018, assumiu o cargo em 17 de abril.  Assim como o antecessor, Luiz Henrique Mandetta, foi isolado pelo Palácio do Planalto da condução das ações para enfrentamento do novo coronavírus. Nesta semana, Bolsonaro passou a pressionar o ministro para ampliar o uso da cloroquina no tratamento da covid-19, mesmo sem comprovação científica do medicamento. A pasta só recomenda para casos graves e moderados, posição tomada pela gestão anterior.

Em videoconferência com empresários nesta quinta-feira (14), o presidente voltou a reforçar o entendimento de cabe a ele tomar decisões, ainda que na contramão de evidências científicas. “Eu sou comandante, presidente da República, para decidir, para chegar para qualquer ministro e falar o que está acontecendo. E a regra é essa, o norte é esse”, disse.

“Agora, votaram em mim para eu decidir. E essa decisão da cloroquina passa por mim. E mais do que pedir... Tá tudo bem com o ministro da Saúde, tá tudo sem problema nenhum com ele, acredito no trabalho dele, mas essa questão vamos resolver”, afirmou o presidente.

Bolsonaro também fez referência ao Conselho Federal de Medicina (CFM). “Estou exigindo a questão da cloroquina agora também. Se o Conselho Federal de Medicina decidiu que pode usar cloroquina desde os primeiros sintomas, por que o governo federal via ministro da Saúde vai dizer que é só em caso grave?”, questionou.

Em parecer emitido em 23 de abril, o CFM fixou critérios para que medicamentos possam ser usados na pandemia, como a prescrição médica e o aceite por parte do paciente, mas informou que “após analisar extensa literatura científica, a autarquia reforçou seu entendimento de que não há evidências sólidas de que essas drogas [cloroquina e hidroxicloroquina] tenham efeito confirmado na prevenção e tratamento dessa doença [covid-19]”.
Pressionado por bolsonaristas, Teich chegou esclarecer, por meio do Twitter, a regulação do uso do medicamento no Brasil.

Nos últimos dias, também houve embate envolvendo o isolamento social, tema que também levou ao desgaste na relação entre Mandetta e Bolsonaro. Na última quarta-feira (13), estava previsto que Teich detalhasse uma nova diretriz para orientar estados e municípios sobre possível flexibilização do isolamento social, mas a explicação foi cancelada devido a divergências com os secretários municipais e estaduais de saúde.

“Desde o último sábado (9), a estratégia tem sido debatida com os conselhos dos secretários de saúde estaduais e municipais, o Conass e o Conasems. O objetivo era ter um plano construído em consenso. No entanto, esse entendimento não foi obtido nas reuniões conduzidas até o momento”, disse o ministério, em nota, na quarta.

Apesar de a decisão sobre restringir a circulação de pessoas caber aos gestores locais, orientações técnicas do governo federal poderiam guiar esse entendimento. Usado para conter o ritmo de contaminação do novo coronavírus e evitar um colapso de saúde, o isolamento social demora ao menos duas semanas para ter efeito, devido ao ritmo de contágio. 

 


Com informações do HuffPost Brasil/ TV Cultura.
                                                                                


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