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Brasil não é o país com maior taxa de pessoas recuperadas da COVID-19



Dados listados em uma tabela que circula nas redes sociais (veja aqui) não permitem afirmar que o Brasil é o país com a maior taxa de pessoas recuperadas da Covid-19 no mundo. Isso porque, ainda que os números mostrados sejam verídicos, é incorreto comparar casos entre nações com índices de testagem da população tão diferentes. Por aqui, o Ministério da Saúde orienta a realização do teste de detecção da infecção apenas em pessoas com sintomas da Covid-19 ou em estado grave e estudos já indicam que há alta subnotificação da doença.

No Facebook, publicações com a alegação enganosa reuniam ao menos 70 mil compartilhamentos na tarde desta quinta-feira (23). Todas foram marcadas com o selo FALSO na ferramenta de verificação da rede social (saiba como funciona). O conteúdo também foi sugerido para checagem por leitores no WhatsApp (inscreva-se aqui).




Não é possível afirmar que o Brasil é o país do mundo com maior número de casos de recuperados da Covid-19 com base nos dados apresentados em uma tabela que vem sendo difundida em posts nas redes sociais. Ainda que os dados sejam verídicos, coletados pela plataforma Worldometers e relativos ao dia 20 de abril, os níveis de testagem da população nas nações listadas são diferentes, o que compromete comparações entre eles, segundo especialistas ouvidos por Aos Fatos. Pesquisas apontam que o Brasil teria hoje grande subnotificação da doença.

Ministério da Saúde orienta a realização de testes para Covid-19 apenas nos casos sintomáticos ou graves. Quando a recomendação foi editada, a pasta informou que a restrição era decorrente da escassez de exames disponíveis. Estudos brasileiros publicados até o momento indicam que há uma alta subnotificação: o número de infectados pode ser de sete quinze vezes maior do que apontam os registros oficiais. 

Na última quarta-feira (22), o novo ministro da Saúde, Nelson Teich, já voltou atrás na promessa de aplicar testagem massiva no país. Pesquisador de Informática Aplicada da UFRPE (Universidade Federal Rural de Pernambuco) que atualmente monitora casos de Covid-19 em tempo real, Jones Albuquerque afirma que hoje não é possível elencar os países que têm maior número de recuperados da doença porque a testagem em massa não foi adotada por todos: “a taxa de recuperação só pode ser afirmada quando toda a população é testada”.

Luciana Costa, diretora adjunta do Instituto de Microbiologia da UFRJ (Universidade federal do Rio de Janeiro), e Natália Pasternak, bióloga e criadora do IQC (Instituto Questão de Ciência), concordam que a subnotificação impede comparações corretas dos dados.

“[A tabela] É uma conta de dividir com o número de recuperados no numerador e o total de casos no denominador. O denominador correto certamente é muito maior do que o número oficial, e o numerador real é desconhecido. Essa taxa de recuperação é, provavelmente, uma ilusão provocada pela subnotificação”, afirmou Pasternak ao Aos Fatos.

Ainda que os níveis de testagem dos países listados na tabela fossem equivalentes, a alegação de que o Brasil é o líder em recuperados permaneceria enganosa. Segundo o Worldometers, mesma fonte utilizada pela peça de desinformação, Alemanha (62%), Irã (70%) e China (93%) apresentam taxas de recuperação maiores do que a do Brasil.

A Alemanha, por exemplo, no dia 20 de abril, possuía 146.653 casos confirmados e 91.500 recuperações (o que resultaria em uma taxa de 62%). Já o Irã registrava 83.505 casos e 59.273 recuperações (taxa de 70%). Por fim, a China possuía 82.747 casos confirmados e 77.084 recuperações (taxa de 93%).


Com informações de Luiz Fernando Menezes (Aos Fatos).
                                                                                



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